Como Nascem os Fantasmas: uma Fantasia Envolvente e Sombria
Como nascem os fantasmas é a mais nova fantasia de Verena Cavalcante, autora de Inventário de Predadores Domésticos. O livro, publicado pela Editora Suma, conta a história de Beatriz, uma garotinha de apenas 11 anos que sonha em ver fantasmas, falar com eles e se tornar especial, assim como a sua avó.
A história
Bea, como é conhecida, foi criada pela avó, Dona Divina. A senhora cheia de trejeitos é médium e líder religiosa numa pequena cidade no interior de São Paulo. A menina fica deslumbrada cada vez que participa de uma sessão onde a benzedeira fala com os mortos. Vó Didi, como é chamada pela neta, é conhecida também por suas orações de cura, cirurgias espirituais, e diversas cerimônias com velas.
Ângela, mãe de Beatriz, morreu durante o parto. No momento em que sua alma deixou o corpo, a luz foi transferida para o bebê recém nascido. Sendo assim, a menina é Ângela reencarnada. Essa é a história que Bea ouve desde pequena. Por esse motivo ela cresce usando as roupas da mãe, imitando seus gestos vendo as fotografias espalhadas pela casa; e tenta muitas vezes, com grande esforço, conquistar o amor e admiração da avó.
“Com o passar dos anos, fui escutando, tomada de adoração e assombro, como quem aprende sobre a origem do mundo e os segredos do sexo, os contos do passado de minha avó. Os horrores sobrenaturais de sua infância. A melancolia solitária da juventude.”
Num dia, ao acaso, Beatriz lê no jornal sobre o desaparecimento de Mayara, uma garotinha de 8 anos. Ela fica esperançosa quanto a sua avó descobrir o que aconteceu com a menina. Dona Divina comenta que não há mais o que fazer. No entanto, alguns dias depois, durante uma queda de energia ela incorpora o espírito de Mayara e a criança lhe conta tudo o que aconteceu; e assim a polícia encontra seu corpo.
Esse acontecimento marca a infância de Beatriz. Agora, mais do que nunca, ela quer aprender todas as técnicas, feitiços e como receber espíritos e descobrir os segredos do outro lado. Quer ser tão famosa e importante quanto a vovó Didi.

Os personagens
Como nascem os fantasmas é uma história intensa, envolvente, e cheia de nuances. Porém com poucos personagens, o que nos faz acompanhá-los mais de perto. Mesmo Beatriz sendo a protagonista, foi Lipe que ganhou o meu coração. O jeito dele sempre por perto, meio calado, e carregando uma tristeza no olhar faz com que nos questionemos como ele se tornou essa criança.
Lipe e Beatriz gostam de caminhar perto da ferrovia, observando a linha do trem, a casinha antiga que servia de estação em outros tempos, e a natureza selvagem da pequena cidade. Em meio ao matagal que cresce sem direção suas roupas ficam cheias de carrapichos, as pernas arranhadas, e as bochechas rosadas com o sol do final de tarde. Cindy, a cachorrinha vira-lata, está sempre por perto e tem um lugar especial no coração de Lipe.
“Volta logo, por favor, implorei, forçando o pensamento para que ganhasse dedos e atravessasse dimensões, alcançando-a em sua crisálida de cabelos e flores. Vovó fechou os olhos enquanto eu abria os meus, de volta à casa dos mais-ou-menos-vivos.”
Cadu, por outro lado, é aquela criança cheia de energia que gosta de brincar com tudo ao mesmo tempo. Correr atrás da bola, jogar videogame, e viver altas aventuras com os amigos que moram na mesma rua. Sua maior felicidade foi quando ganhou um PlayStation, isso o manteve dentro de casa por vários dias. Nanda, sua irmã, é a mais nova das crianças e sempre chora quando Bea conta histórias assustadoras sobre fantasmas, espíritos e outras coisas bizarras.
A escrita da autora
Esse foi o meu primeiro contato com a escrita de Verena e estou simplesmente encantada. Há uma mistura de linguagem coloquial, culta e interiorana que proporciona uma experiência riquíssima. Em certos momentos é preciso ter um dicionário do lado para conseguir compreender uma frase mais elaborada, em outros mergulhamos no linguajar de Dona Divina e relembramos com carinho aquelas pessoas simples que moram no interior.
Além disso, há toda uma construção de cenas que é impossível não conseguir se imaginar vivendo cada uma delas. A maneira com que descreve a estação de trem, o casarão antigo, a rua onde Beatriz mora, além da casa onde a menina vive junto com os avós. É tamanha riqueza de detalhes que ao fecharmos os olhos visualizamos cada pequeno cômodo, os bibelôs, os santos, e sentimos a alma da casa antiga.

Supernatural e as lendas urbanas
Com tamanha criatividade a leitura nos apresenta a lenda da Mulher Vermelha, após descobrir sua história a curiosidade faz com que Beatriz tenha ainda mais vontade de ser como a avó. E assim a menina começa a ler todos os diários do avô, tomar nota do que é importante, e dá início ao seu primeiro feitiço. A loira do banheiro é uma das lendas mais conhecidas entre as crianças dos anos 1990. Apesar de ter estado no momento em que uma garota puxou a descarga três vezes na hora do intervalo, sempre tive medo. Ainda mais quando todas as crianças saiam correndo e um silêncio mórbido tomava conta do banheiro. Lembro que estava na quarta série quando isso aconteceu.
Beatriz é uma ótima contadora de histórias, então ela aproveita a curiosidade das outras crianças para criar as suas próprias ou melhorar aquelas que ouve de Dona Divina. Foi num desses momentos na minha infância que participei daquela brincadeira do copo e da caneta. Fiquei bastante tempo assustada pensando no que poderia acontecer e me perguntando como ele se mexia sozinho. Numa outra vez brincaram com uma tábua ouija. Relembrando agora sinto que as crianças daquele colégio eram bem corajosas.
“…fui tomada de uma estranheza incômoda, uma eletricidade que enchia o espaço e os poros de estática. O ar ganhara espessura e matéria – maria-mole entalada na garganta. Podia cortá-lo, segurá-lo entre as mãos se quisesse, como uma mangueira de onde a água jorrava vibrando, subindo pelos braços, fazendo dentes e os ossos chacoalharem.”
Durante um tempo todas as mães falavam sobre o velho do saco, ele passava pela cidade e se visse uma criança desobediente, levava embora. Depois disso todo andarilho que surgia nos arredores da igreja, da escola, ou no caminho de casa, deixava as crianças assustadas. Era um misto de desafio entre ficar e descobrir se era verdade e a vontade de sair correndo e se esconder. Lembro ainda que um desses passou perto da minha casa, caminhava a vários dias e estava com fome e meus pais deixaram ele dormir na nossa casa. Admiro muito a bondade deles naquela época.

O desafio de ser aceita e querida
Beatriz ama ouvir histórias, principalmente aquelas sobre fantasmas. Logo no início do livro acompanhamos vovó Didi contar pela milésima vez como foi o nascimento da neta. Aquele momento mágico em que o espírito de Ângela desencarna e toma conta do corpinho de Bea. A menina vive um pequeno conflito interno entre aceitar que é especial por causa disso, e precisar viver à sombra da mãe e não poder ter personalidade própria.
A menina usa roupas, calçados e acessórios antigos da mãe. A avó raramente lhe compra algo novo. As duas são bem diferentes em relação ao corpo. Enquanto Ângela era magrinha, frágil e delicada; Beatriz é corpulenta, alta e um pouco grosseira (tanto fisicamente, quanto na personalidade). Isso a faz pegar fotos antigas da mãe e passar dias e dias imitando suas poses, sorriso e jeito de se comportar. Ela acredita que assim será mais amada pela avó.
“- Mas eu tô aqui – eu suplicava, reprisando o diálogo quantas vezes fossem necessárias para que ela entendesse e me oferecesse o amor que eu desejava – …eu sou a Ângela. Lembra? Eu morri e reencarnei no corpo da Beatriz. Eu nunca te deixei.”
No entanto, num dia de fúria, Beatriz reúne todos os pertences da mãe, leva para o quintal e põe fogo em tudo. Ela simplesmente cansou de fingir ser outra pessoa. A menina queria ser amada por ser ela mesma e não a idealização da avó. Em várias ocasiões quando Bea agia de certa maneira, sua avó comentava que se fosse Ângela o comportamento seria diferente. O que contribuiu para que o desprezo pela mãe surgisse e ganhasse força.
Acredito que algumas crianças vivenciaram essa situação de perto, principalmente quando os pais conhecem os coleguinhas e descobrem que outras crianças são mais comportadas, tiram melhores notas, ou possuem habilidades especiais para a arte ou esporte e criam expectativas sobre os próprios filhos. Lembro de quando tinha a mesma idade de Bea e meus pais elogiavam alguma amiga que era tranquila, quieta e que não dava trabalho. Isso porque desde pequena sempre fui agitada e gostava de conversar bastante. Era quase impossível pra mim ficar parada muito tempo num mesmo lugar.
“Vovó ficava contente. Nos melhores dias, até confundia nossos nomes. Nos piores, passava a tarde de nariz vermelho, e não importava quantas cordas eu atirasse, se erguesse a mão era somente para afastá-las com um tapa. Mas não tinha problema; quanto mais eu crescia, melhor atuava, usando o corpo para satisfazer às vontades póstumas de minha mãe e às expectativas presentes de minha avó.”
Esse comportamento tem um pouco haver com o temperamento. Na minha família somos três filhas e pelo meu jeito expansivo sou sanguínea, já minha irmã é fleumática, e a outra colérica. É interessante perceber que fomos criadas quase da mesma maneira, mas somos tão diferentes quanto a isso. Pelas atitudes da Beatriz ela é colérica, isso explica bastante suas ações ao longo da história.
Viver uma vida que não é a nossa ou tentar ser algo que não somos é um exercício que suga a energia de tal forma que quando paramos para pensar, descobrimos quanto tempo perdemos. Às vezes gostamos de uma pessoa ou queremos fazer parte de um grupo que nos dispomos a abrir mão da nossa identidade para sermos aceitos, mas no fim o que sobra é o vazio. Quando as pessoas não nos conhecem de verdade é um esforço inútil e triste ao mesmo tempo. Primeiro porque ninguém nos viu como somos, e segundo porque passaram a admirar alguém que não existe.
A cena em que Beatriz pega todos os pertences da mãe e põe fogo é o seu jeito de romper com toda a expectativa depositada nela pela avó. A menina abre mão do que esperam dela para ser ela mesma. Vestir as próprias roupas, pentear o cabelo do seu jeito, e começar a ser Beatriz e não mais Ângela. Esse foi um dos momentos mais marcantes da leitura, talvez por ter me identificado com essa situação em algumas etapas da minha vida.


O aconchego de ser criada pelos avós
Confesso que quando li a sinopse senti um quentinho no coração pois histórias com avós sempre me conquistam. Um autor que gosto muito e cria personagens assim com frequência é o sueco Fredrik Backman, é dele o livro Minha avó pede desculpas. Um dos melhores livros que li em 2019. Ao conhecer Como nascem os fantasmas senti uma certa nostalgia.
A casa de Dona Divina é tudo aquilo que a casa de uma avó nasceu pra ser: colorida, aconchegante e cheia de histórias. Isso é percebido pela descrição dos cômodos, dos objetos, você fecha os olhos e consegue se imaginar com quatro anos sentada no chão debaixo do aparador ouvindo as conversas dos adultos.
“No silêncio adormecido da casa, na escuridão viva do quintal que se insinuava pelas cortinas, o mundo dos vivos e o mundo dos mortos pareciam uno, e ainda que os vivos não pudessem transpor a barreira imposta pela morte, tinha a impressão de que os mortos iam e vinham, a seu bel-prazer, sem passar pela portaria.”
Lembro dos meus avós com carinho (ambos já faleceram) e quando fecho os olhos consigo trazer à memória o que fez parte da minha infância: o fusca do meu avô (que ele me levava para passear), a rede na sala perto da janela, os discos de vinil (lembro de dois em especial um azul e outro rosa), vários brinquedos incluindo o Fofão (igual ao que Ângela tinha), os ursinhos de pelúcia (sempre fui apaixonada por eles), e uma bicicleta (esqueci a cor).
Diz a minha mãe que meu avô me levava até a pracinha para me ensinar a andar de bicicleta e foi ali que aprendi. Talvez seja por isso que hoje goste tanto de natureza e mantenha esse hábito. Crescer com os avós é ser mimada em vários sentidos. Eles passaram uma vida inteira juntos, meu avô era tão tranquilo, calmo, quando a sua expressão mudava era um sorriso, senão estava com o pensamento longe. Sinto saudade de ambos.
Referências nostálgicas dos anos 1990
Quem acompanhou a leitura de No meio da noite sabe o quanto achei incrível as referências trazidas pelo autor. Neste livro não foi diferente! Verena nos proporciona uma verdadeira viagem no tempo trazendo tudo aquilo que fez parte da nossa infância. Tem músicas, filmes, brincadeiras, desenhos, brinquedos, programas de TV, e o mais divertido comidinhas que todos nós relembramos em algum momento.
O primeiro trecho que trouxe nostalgia foi a ida de Beatriz à biblioteca da cidade. A professora passa um trabalho e a menina decide pegar sua bicicleta, colocar o papel almaço na cestinha e pedalar até lá para fazer a pesquisa sozinha. É uma das lembranças que guardo da minha pré-adolescência. Na cidade onde eu morava, podíamos usar a biblioteca do colégio e fazer a carteirinha da biblioteca municipal. Lembro que podia emprestar apenas um livro (se não estou enganada), mas como lia rápido, a moça me deixava levar três. Um dos meus favoritos nessa época foi O mistério da fábrica de livros, de Pedro Bandeira, tenho um carinho especial pela história.
Chiquititas – Tudo, tudo
Quando o assunto são filmes é fácil me perder comentando tantos que assisti ao longo dos anos. Um que representa Sessão da Tarde é sem dúvida A história sem fim, uma das fantasias mais bonitas que já vi. Quando criança sabia cantar Never Ending Story do Limahl inteirinha. Quem consegue assistir sem ficar triste naquela cena do Atreyu e do cavalo? Ou não se emocionar quando Bastian sai voando?
“Quando tinha trabalhos para fazer, eu aproveitava a desculpa para ir à biblioteca. Nunca convidava ninguém. Gostava de enfrentar sozinha meia hora de pedaladas na bicicleta enferrujada de minha mãe, guardando o estojo e o papel almaço dentro do cestinho preso ao guidão, feliz em atravessar ruas e praças com um repuxar dolorido nos joelhos esfolados.”
Outros filmes com cheirinho de nostalgia são O exorcista, Mortal Kombat, e O exterminador do futuro. Quando Lipe e Bea vão à locadora me trouxe à lembrança a franquia Pânico. Lembro que meus pais não me deixavam assistir filmes de terror porque minha irmã tinha medo, então às vezes precisava assistir sozinha. Buscava sábado de manhã para devolver na segunda-feira. Lembro de ter um caderninho onde anotava informações sobre onde tinha sido gravado, atores, a trilha sonora, e minha opinião. Meu primeiro blog foi no papel.
Como a-m-o música não poderia faltar nessa lista, concordam? Me senti abraçada ao ver Chiquititas cantando “tudo, tudo, tudo é teu, é só querer…” a versão com Flávia Monteiro e Fernanda Souza. Ouvir as músicas dessa novela me fez voltar à rua onde morava no interior do Paraná e relembrar as crianças brincando, correndo atrás umas das outras, tomando banho de chuva, e aproveitando cada momento como se a infância fosse durar para sempre.
Xuxa – Parabéns
O que dizer das brincadeiras que aprendemos ao longo do tempo? Você conhece gato-mia? Quando faltava luz era bem divertido pegar os lençóis e brincar no escuro. Gostávamos também de acender as velas e fazer desenhos com as mãos nas paredes, aprendi com a minha mãe. Outro passatempo era ver os formatos das nuvens, ainda hoje faço isso quando passeio de bicicleta ou quando vou à praia.
“…adorava o perfume de parafina de parafina derretida, e a maneira como a casa se transformava à meia-luz, iluminada pelas chamas; sanfonando nas sombras, expandia-se e retraía-se em movimentos de cobra vermelha – uma festa de mil fogueiras.”
E as comidas? De vez em quando aparece uma trend nas redes sociais sobre como eram as festas da nossa infância. Os bolos com bolinhas de chumbo, cachorro-quente, tubaína, chicletes com tatuagem, docinhos, fechando os olhos é possível sentir até o cheirinho no ar.
Os brinquedos se tornaram inesquecíveis. A boneca Susi, o Fofão, a Moranguinho (era tão perfumada), os jogos de tabuleiro. Ganhei uma Barbie ciclista (amava vê-la pedalando), tenho até hoje. Uma pena o motorzinho não estar funcionando, pensei em reformá-la diversas vezes para continuar fazendo parte da minha coleção.
Por último e talvez mais importante: Xuxa! Toda criança já foi num aniversário onde cantaram esse “Parabéns pra você” mais que especial. Verena insere Ilariê que é igualmente nostálgica. Além disso, menciona a sandália que toda menina gostaria de ter ganhado no Natal. Foi uma verdadeira viagem ao passado com direito a filmes, brincadeiras, e trilha sonora.
Lembranças da minha infância
Beatriz tem 11 anos e lembra bastante a Matilda. Enquanto uma se aventura pelo universo sombrio dos fantasmas, a outra mergulha na literatura. Mas ambas mostram o quanto podemos ser nós mesmas e ter as nossas próprias qualidades. Pensando nisso busquei na memória alguns acontecimentos engraçados de quando tinha essa idade e me marcaram.
Com essa idade eu não tinha bicicleta, então minha coleguinha Rafaela me emprestou a dela. Estava andando tranquila até que fui descer uma rua íngreme, o que não sabia era que o freio ficava nos pés. A velocidade foi aumentando e como não sabia como parar, decidi pular. Resultado: dois joelhos ralados. Nunca chorei tanto na minha vida! Primeiro porque doía demais, segundo porque pensei na bronca que ia levar dos meus pais. Hoje é engraçado relembrar.
“Mayara, morta antes de completar essa idade, mostrava-me o caminho. Os pés descalços com unhas pintadas de vermelho avançavam sobre a estrada de paralelepípedos negros; uma Dorothy curvada e idosa, vestindo uma camisola branca que iluminava a noite como candeia, uivando um choro doído durante todo o trajeto.”
Tínhamos o costume de ter “roupa de sair” ou “roupa de ir à missa”, então quando chegávamos em casa colocávamos o pijama ou roupa de brincar. Num domingo depois da missa ficamos brincando na rua com outras crianças e não voltei para me trocar. Estávamos correndo por todos os cantos e fui pular uma cerca e rasguei o meu short (novinho!) e fiquei morrendo de medo da minha mãe brigar. Fui pra casa bem rápido e troquei de roupa, nunca mais usei roupas novas para brincar na rua (risos).
Never Ending Story – Limahl
Outra lembrança que guardo com carinho é da casa onde morávamos. Era imensa, entrava luz o dia inteiro, e no quintal tinha pé de limão, laranja, manga e um varal onde pôr todas as roupas. Sempre gostei de ver os lençóis tomando sol e balançando ao vento. Foi nesse bairro que conheci e fiz amizade com a Juliana e a Erica. A rua não tinha asfalto e mesmo assim nos divertíamos tanto, foi numa dessas brincadeiras que surgiu meu sonho de trabalhar num escritório e ser secretária.
Minhas impressões sobre a leitura
Como nascem os fantasmas foi uma leitura intensa, bem mais do que imaginei. Me senti sugada para dentro da história de tal maneira que me deixou impressionada. Acompanhar os desafios de Beatriz, seus questionamentos, inseguranças, e vontade de seguir o próprio caminho foi inspirador. A evolução da personagem foi um marco, acredito que muitos leitores possam se identificar em algum momento.
As coisas das quais abrimos mão no meio do caminho para alcançar os nossos objetivos podem doer ou nos machucar, mas é preciso se conhecer e ter segurança sobre onde se quer chegar. E Beatriz desde o início sente dentro de si que é diferente, e que pode descobrir um universo completamente novo se deixar o medo de lado. Sua trajetória foi bem construída ao longo da história.
Quanto ao final me fez recordar Harry Potter e a Pedra Filosofal, foi simplesmente INCRÍVEL! Quando cheguei na parte não consegui mais soltar e li até a última página. A autora construiu cenas épicas, consegui ouvir os sons, sentir as texturas, a velocidade, tudo acontecendo em câmera lenta e veloz ao mesmo tempo. Surreal!
Muito obrigada à Livraria Leitura e à Editora SUMA pela oportunidade de conhecer Verena Cavalcante e ler Como nascem os fantasmas. Gostei demais da experiência!!! 🙂
Até o próximo post, Érika ♡
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