Festival Internacional de Quadrinhos BH

Coruja Geek na 12ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte (FiQ BH)

Entre os dias 22 a 26 de maio, o Minascentro foi palco da 12ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte (FIQ BH) e o Coruja Geek esteve presente.

A história e o tema do FIQ BH 2024

Desde sua concepção em 1999, o FIQ BH tem sido um catalisador para o enriquecimento e expansão da arte no Brasil. Este evento bienal, o mais grandioso da categoria na América Latina, se estabeleceu como um marco imprescindível tanto para criadores quanto para entusiastas do meio, oferecendo uma visão abrangente da produção de quadrinhos contemporâneos e promovendo uma valiosa troca entre artistas e editoras do cenário nacional e internacional.

A edição de 2024 do FIQ BH, continuou a tradição de fomentar a cultura dos quadrinhos. Com uma vasta gama de atividades gratuitas e abertas ao público, o festival proporcionou debates, lançamentos de obras aguardadas e palestras inspiradoras.

O tema provocativo deste ano, “Onde cabem os quadrinhos?“, nos faz refletir sobre o entrelaçamento histórico dos quadrinhos com a sociedade e a diversidade expressiva desta forma de arte. O FIQ BH ampliou essa conversa, incentivando o acesso à cultura e à arte gráfica para a comunidade em geral.

FiQ 2024

FIQ BH 2024 – Uma análise da infraestrutura e programação

Participei do FIQ BH em 2022 e, naquela época, um dos maiores desafios que encontrei foi a questão do espaço. Estava muito cheio e muito quente, o que dificultou a visita às mesas dos artistas. Felizmente, em 2024, essa questão foi minimizada. Houve mais espaço disponível, com melhor circulação de ar, e a área de alimentação foi alocada em um local aberto.

No entanto, ainda senti dificuldade em visitar todas as mesas. A sensação que tive foi que a cada volta que dava, notava uma mesa que antes não tinha visto devido ao grande número de pessoas ao redor. Isso me fez pensar no que posso ter perdido por não ter tido acesso a tudo. Comparado à edição anterior, senti que a infraestrutura melhorou bastante. Acredito que o público pôde aproveitar bem mais, mas, pensando nos artistas, imagino que ainda deve ter sido um desafio ficar nas mesas por tanto tempo com tão pouco espaço.

Além disso, o auditório não foi o mesmo da edição passada. Foi montado sem isolamento acústico apropriado e próximo à circulação de pessoas que visitavam as mesas e estandes. Isso comprometeu um pouco a compreensão das palestras.

Quanto aos temas, só tenho elogios! O evento, em sua 12ª edição, contou com uma programação diversificada, abrangendo desde aspectos formativos até a divulgação desse universo artístico, promovendo a troca de experiências entre público, profissionais e pesquisadores.

FiQ BH 2024

Fiq BH 2024- Estandes e mesas dos artistas

O festival contou com 16 estandes e 266 mesas de artistas, de diversos estados brasileiros. Eu conheci o Felipe Pan (autor) e Olavo Costa (ilustrador) das Obras “Gioconda” e “O Menino Rei”, ambos publicados pela editora Nemo. A primeira conta a história de um faxineiro do Louvre apaixonado pela Mona Lisa que conhece uma mulher parecida com a obra-prima de Leonardo da Vinci. (Eu amei essa premissa, e vocês?). “O menino Rei”, inspirado no Egito antigo, conta a história do jovem faraó Tutankhamun. Já deu para conferir a parte gráfica que está linda e eu mal posso esperar para ler!

Eu também pude conhecer o autor Lillo Parra, roteirista de diversas obras, dentre elas “As aventuras do Capitão Nemo: o Navio Fantasma”, ilustrado por Will e publicado pela Nemo, e que traz uma aventura do Capitão e sua tripulação que descobrem a história secreta de um navio fantasma: o Holandês Voador. Do mesmo autor eu também garanti “Amantikir”, ilustrado por Jefferson Costa, e publicado pela editora Trem Fantasma. O livro adapta uma lenda dos tupis sobre a criação da Serra da Mantiqueira, que é contada pela Mãe das Águas, um espírito antigo.

Na estande da editora Moby Dick, eu fui fisgada por uma releitura sombria e perturbadora (+18) de Pinóquio, de Winshluss. Nesta versão, Gepeto constrói Pinóquio como uma arma de guerra. Também levei para casa “Nunca me esqueças”, que conta a história de uma jovem que decide tirar sua avó, com Alzheimer, de uma casa de repouso e partir em busca de seu suposto lar de infância.

Matthias Lehmann

Ditadura nunca mais! Quadrinhos e os 60 anos do golpe civil-militar

Eu estive presente no dia 25 (sábado) e acompanhei a Mesa de debate “Ditadura nunca mais! Quadrinhos e os 60 anos do golpe civil-militar“, com os artistas: LOR, Julhelena e Matthias Lehmann, e mediação de Miriam Hermeto.

A sessão começou com Lor, que acompanhou de perto, ainda que jovem, os tempos da ditadura. Cartunista desde 1973 ele publicou cerca de 5 mil desenhos na forma de charges, ilustrações e cartuns em diversos órgãos de imprensa. Uma de suas obras mais conhecidas, “Retrato falado”, foi publicada originalmente em 1979, e traz recortes de revista, panfletos de sindicato, poemas e fragmentos de diários fictícios, mas que retratam a complexidade daquela época. “Tive que usar a ficção para não ser preso”- declarou o artista.

Em seguida foi a vez de Julhelena apresentar seu trabalho de mídias digitais intitulado “Memórias”, cuja inspiração veio na época das eleições de 2018. Associando imagens reais com uma narrativa ficcional, a obra aborda a dificuldade em se lidar com a memória e fala sobre a dualidade entre querer apagar esse período e sobre a necessidade de lembrar. A pesquisadora destaca: “Queria criar uma história que passasse a mensagem de forma sutil”.

Por fim, tivemos a apresentação de Matthias Lehmann que acaba de publicar sua obra, “Chumbo”. Francês, filho de mãe brasileira, o artista se inspirou na história da sua família, em especial de seu tio, o escritor mineiro Roberto Drummond e no contexto histórico da Ditadura Militar do Brasil. Ele contou que para criar a graphic novel, primeiro fez uma linha do tempo com os principais eventos históricos e foi inserindo a história da família, não sendo apenas uma história política mas também uma saga familiar. Segundo ele, “esse período é uma ferida na memória dos brasileiros”. Publicada originalmente em agosto de 2023, pela editora francesa Casterman, a obra acaba de chegar ao Brasil pela editora Nemo.

Dessa forma, o FIQ BH mais uma vez serviu como um ponto de encontro cultural e social e reafirmou a importância da arte dos quadrinhos, celebrando a riqueza e a relevância desta mídia que continua a cativar e inspirar gerações.

Lembrando que o Blog é parceiro da Editora Nemo e você pode encontrar várias resenhas por aqui. Agora me contem, qual dessas obras chamou mais a atenção de vocês?

Beijos, Flávia 🙂

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