Sangue Dourado: Uma Jornada de Autoconhecimento

Oi, como estão? Recentemente, li o livro Sangue Dourado, de Namina Forna, publicado pela Galera Record, e vim contar para vocês o que eu achei dessa história!

Deka vive em uma aldeia onde garotas são iniciadas aos dezesseis anos: todas possuem seu sangue testado. A cor da honra é o vermelho. A partir desse momento, a garota já pode se casar e constituir família, porque é digna. Sendo filha de uma forasteira, tudo que Deka mais queria era ter seu sangue vermelho, porque assim poderia provar que era normal e que merecia viver naquele local.

Mas seu sangue é dourado!

Mal falada pelos aldeões, mulheres com sangue dourado são descendentes de demônios e precisavam ser exterminadas. Após inúmeras tentativas de execução, Deka é resgatada e convidada a fazer parte do exército do Imperador como uma alaki, mulheres com poderes especiais, onde ela seria treinada para lutar contra os Uivantes Mortais, a maior ameaça do reino. Em troca de vinte anos de serviço, ela teria seu perdão e seu sangue seria puro novamente.

Durante seu treinamento, Deka faz novos amigos e se encontra, descobrindo fatos importantes sobre seu passado e, mais importante ainda, a verdade sobre a ameaça contra a qual está lutando.

“Hoje à tarde, o ancião Durkas vai testar a mim e a todas as outras garotas de dezesseis anos durante o Ritual da Pureza. Assim que for provado que somos puras, pertenceremos oficialmente ao vilarejo. Eu finalmente serei uma mulher – apta a casar, a ter minha própria família.”

Sangue Dourado

MUITO MAIS QUE FICÇÃO

Os personagens são muito bem apresentados e coerentes, principalmente se considerar o fato de que a maioria é adolescente de dezesseis a dezoito anos. Algumas atitudes da Deka, que é quem narra a história, faz sentido para com o enredo e condiz com a sua idade, por mais que tenha me irritado em alguns momentos em que quis dar uns berros para ela.

O reino de Deka é dividido em quatro províncias, tendo os aldeões de cada uma alguma peculiaridade física. A aldeia de Deka é formada por pessoas brancas e, por ela ser negra, sofre racismo. Provavelmente o desejo de ter o sangue vermelho segue latente na tentativa de se incluir em um grupo que já a despreza pela cor de sua pele, o que faz disso um tema muito interessante, que foi tratado com responsabilidade.

“Deka não tem culpa que sua pele seja tão suja quanto a de sua mãe.”

Outro tema importantíssimo e super presente no livro é o feminismo, que é bem sutil durante a primeira parte do livro, até por ser narrado por uma adolescente, porém da metade para o final se torna mais e mais evidente.

“Oyomo, me perdoe. Oyomo, me perdoe. Não é certa a euforia que senti enquanto corria. Devo expulsá-la dos meus pensamentos.”

As mulheres são representadas como inferiores durante toda a vida de Deka, que foi criada para entender que mulheres não têm quase nenhum direito, que devem apenas servir e que são, basicamente, inúteis. Na verdade, é ainda pior: de acordo com Oyomo, o deus que ela segue, mulheres fazendo qualquer coisa considerada masculina é impura.

E como ela já está se sentindo culpada pelo sangue dourado, se culpa ainda mais toda vez que pensa em si mesmo lutando e treinando, o que deveria ser proibido. Mas é durante o treinamento que ela encontra toda a força feminina dentro de si, o que, de verdade, me deu até um orgulhozinho dela.

“Durante toda nossa vida, fomos ensinadas a nos diminuir, a ser mais fraca que os homens. É isto o que as Sabedorias Infinitas ensinam: que ser mulher significa submissão perpétua.”

Namina Forna

DESENVOLVIMENTO

A primeira coisa que preciso enaltecer é a coerência dos pensamentos de Deka. É maravilhoso demais você comparar a garota do começo e do final do livro, com todos aqueles pensamentos sobre estar pecando e ser indigna até de existir sendo soterrados a cada nova descoberta que ela tem sobre si mesma e a sua origem.

Quando o próprio pai a rejeita após descobrir a cor de seu sangue, Deka se vê sozinha no mundo, mas no campo de treinamento faz novos amigos, amigos que realmente a aceitam como é e com quem ela se identifica. Uma troca de lealdade e irmandade muito intensa e natural é compartilhada entre eles durante o desenvolvimento do livro, provavelmente porque também não tem mais ninguém.

“Pelo menos eu tenho minhas irmãs de sangue agora. É o suficiente. Nunca tive amigas assim em meu vilarejo. Na verdade, nunca tive muitas pessoas do meu lado.”

AAA E O PLOT TWIST DESSE LIVRO! Surtei demais! O plot principal é impactante e empolgante, realmente não imaginei que pudesse acontecer o que aconteceu. Com certeza atribuí estrelinhas extras na avaliação simplesmente pela imprevisibilidade da obra!

Você segue lendo tendo a certeza de que está na direção certa, e no ÚLTIMO instante uma bomba explode diretamente na sua cara e você é totalmente pego de surpresa – e é a MELHOR sensação do mundo! (spoiler: você não consegue parar de ler depois que descobre!)

Galera Record

ROMANCE? O QUE É ISSO, É DE COMER?

Ai, que decepção. Eu sei, eu sei. Bom, Keita é apresentado desde o início como um possível par romântico para a Deka, o que estaria tudo bem: se tivesse algum sentido. Só que eles se odeiam no começo e depois interagem como amigos na maior parte do livro, trocam segredos e compartilham detalhes importantes sobre si mesmos, e aí seria mais ou menos nesse momento que um romance épico deveria acontecer.

Mas… não acontece.

Achei que ficaria só por isso mesmo, mas então do nada, no final do livro, um não consegue viver sem o outro e eu fiquei com a sensação de ter pulado uma, ou umas cem páginas. Quando foi que eu perdi essa informação? Achei que faltou um desenvolvimento para esse romance, mas relevei porque são adolescentes e adolescentes por si só já são bastante intensos, então imagine adolescentes mágicos, vai saber!

Concluo assim que o livro possui o romance de centavos. Porém, em defesa de Sangue Dourado, meu mais novo amor, o livro não foca muito no romance então no fundo não me importei, sou total Caçadora de Migalhas de Romance com orgulho!

“— Eu sou seu amigo, Deka?
— Você quer ser? – Digo essa parte tão baixinho que acho que ele não ouviu.
Mas então Keita sussurra em me ouvido, sua respiração agitando o curto tufo de cabelo encaracolado acima da minha orelha.
— Eu acho que sou algo muito melhor.”

A escrita da autora me conquistou de cara, é fluida e instigante, li super-rápido! Os capítulos são bem curtos, a diagramação é bem confortável e as cenas de luta são fáceis de ler, sem detalhes extravagantes. Eu simplesmente não conseguia parar de pensar no que estavam escondendo, qual era a verdadeira ameaça, e qual era a missão da Deka.

É o tipo de leitura que prende do início ao fim, e te faz querer mais. Sangue Dourado segue sem uma continuação, mas o final aberto com certeza sugere que um volume dois venha a existir no futuro. Vamos torcer, porque pre-ci-so saber como termina!

Espero que gostem de Sangue Dourado tanto quanto eu!

Conheça outros livros da Galera Record 😉

Beijinhos, Lorh!

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8 Comentários

  1. Olá, tudo bem?

    Tenho visto muitos comentários positivos a respeito dessa obra, o que aumenta minha vontade de conhecê-la. Gostei de saber que a obra aborda tantos temas importantes e que tem um plot twist capaz de nos deixar atordoados. Preciso desse livro para ontem! Quero!

    Beijos!

  2. Quando você disse capitulos curtos, já me ganhou. Mas o fato de o final ficar aberto me deixa meio desanimada, quando é assim prefiro esperar que lancem todos antes de eu começar a ler…

  3. Oi! Eu simplesmente amei a sugestão de livro 😀 a historia é bem interessante, já coloquei na lista de leitura 😉

  4. Bom quando a leitura é fluída e o tema do feminismo é legal. Gostei bastante da resenha!
    Abraços, Alécia 🙂

  5. Que resenha maravilhosa!! Lorh como sempre me fazendo mudar toda a tbr e ler uns camalhaço KKKKK ❤️

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