Colaboração Horizontal

Colaboração Horizontal: o dilema de dormir com o inimigo

Oi gente, tudo bem? Quem acompanhou os stories na última semana viu que chegou por aqui Colaboração Horizontal, de Navie, nova HQ da Editora Nemo. Se você, assim como eu, gosta de história, ou mais especificamente da Segunda Guerra, vem conhecer esse lançamento.

“Colaboração horizontal” é um termo usado para descrever os relacionamentos românticos e sexuais que algumas mulheres francesas tiveram com membros das forças da Ocupação alemã, durante a Segunda Guerra Mundial.

Uma história de amor em meio à guerra

Colaboração Horizontal acompanha um grupo de vizinhos que moram num prédio durante a ocupação alemã na França em 1940. Como sabemos, os nazistas caçavam judeus e estes eram enviados aos campos de concentração. Assim como em O diário de Anne Frank, esse grupo de vizinhos escondem uma mãe judia e seu filho, de 4/5 anos.

Porém, tudo muda quando Mark, um soldado alemão, começa a rondar o prédio em busca de alguma irregularidade ou judeus escondidos. Ele então conhece Rose, uma jovem mãe que teve seu marido preso pelas forças alemães. Com o passar do tempo os dois se apaixonam e vivem um amor proibido. É preciso cuidado para que os soldados alemães não descubram que Mark está protegendo judeus, nem tampouco que há judeus escondidos no prédio.

Tendo essa história de amor como pano de fundo, acompanhamos outros moradores do prédio. Henriette, uma senhora muito ranzinza (que mais tarde descobrimos seus segredos), a síndica do prédio que presta atenção na vida de todos à sua volta (inclusive lê as cartas de todos os moradores antes de entregá-las – achei isso bizarro!), Judite uma recém-casada mas que já sofre e muito nas mãos do marido.

E claro, não podemos nos esquecer das crianças. Que em sua inocência não fazem ideia do que está acontecendo. Não sabem o motivo da guerra, não sabem o que são judeus, e muito menos porque são perseguidos.

Colaboração Horizontal

O dilema de dormir com o inimigo

O livro começa com Rose, já idosa, conversando com sua neta, Virginie, sobre a adolescente estar apaixonada e sentir-se insegura em declarar seu amor. Para Virginie as coisas eram mais fáceis no tempo da avó, quando as pessoas se casavam para a vida inteira e não tinham o coração partido. Não é segredo que Rose não ama seu marido. Sua neta então a questiona se ela já amou de verdade, se conheceu o verdadeiro amor.

Voltamos a 1940 e Rose nos conta tudo o que viveu enquanto morava naquele prédio na França durante a ocupação alemã. Como conheceu Mark. Como foi viver um amor proibido enquanto seu marido estava preso. Qual foi a sensação de dormir com o inimigo. E mais ainda, a sensação de ter sido traída por pessoas nas quais confiava.

Minhas impressões

Quando fiz cursinho pré-vestibular tive um professor de História que era incrível. Isso me fez gostar muito da matéria e me aprofundar em diversos assuntos como a Segunda Guerra, a situação do Oriente Médio, o 11 de setembro, e muitos outros acontecimentos que entraram para a História.

Colaboração Horizontal acontece durante a Segunda Guerra, não foca muito no conflito em si, mas em situações que jamais imaginaríamos se não fossem contadas por quem vivenciou tudo aquilo. A história de Navie traz diferentes personagens. Martine, a síndica do prédio que cuida do marido cego. Judith que vive um relacionamento abusivo. Sarah, a mulher judia que está escondida junto com seu filho pequeno. Rose, que teve seu marido preso pelas forças inimigas. Simone, filha de Martine, uma adolescente meio rebelde que não segue as regras impostas pela mãe.

Mulheres completamente diferentes unidas pelo momento histórico vivido pela França.

Colaboração Horizontal

A autora aborda temas complexos como casamento sem amor, relacionamento abusivo, casamento de aparência, feminismo, e o mais triste, na minha opinião, a falta de empatia entre mulheres quando o julgamento se sobrepõe ao que realmente está acontecendo. É mais fácil julgar do que se colocar no lugar do outro e tentar ajudar.

Rose é uma personagem que me conquistou desde o início. Bem diferente de Martine que me fez sentir repulsa. Torci muito pela Rose, num determinado momento fiquei triste pelo que lhe aconteceu. Ela sempre foi boa com todos, cuidou de uma criança doente, da amiga que estava com febre, escondeu a verdade sobre os judeus escondidos, pensou num plano para tirá-los do prédio e levá-los para um lugar seguro, e mesmo assim foi injustiçada (sem mais detalhes para não ter spoilers).

O que achei da edição

Cada dia fico mais encantada com o trabalho da Nemo. É impossível não se encantar pelos traços, pelas ilustrações. Até mesmo nas páginas em que não há texto conseguimos compreender exatamente a intenção do autor. As ilustrações de Colaboração Horizontal ficaram por conta de Carole Maurel, um trabalho magnífico.

Algumas semanas atrás compartilhei o que achei de Dias de areia, outra HQ que traz uma história incrível sobre a seca nos EUA. Interessante perceber o poder de um desenho. Vale a pena conhecer também 🙂

“Me refugiei em nosso amor. Quando nos sentimos assim, sabemos dos riscos. Apaixonar-se não é motivo de vergonha. Dizemos “ter uma queda por alguém”, e não “alçar voo por alguém”. Sim, o coração periga se espatifar de encontro à vida.”

Agora me conta, já leu alguma Graphic Novel da Editora Nemo? Tem curiosidade em ler Colaboração Horizontal? Antes de ir não esquece de deixar um comentário!

Até o próximo post, Érika ♡


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6 Comentários

  1. Eu também gosto de histórias sobre a Segunda Guerra, mas prefiro assistir aos filmes. Eu li O Diário de Anne Frank e achei uma leitura cansativa, acho que por isso que eu tenho um certo receio em ler esse tipo de livros.
    Mas esse Colaboração Horizontal me deixou curiosa pelas ilustrações.

  2. Olá Erika,
    eu também sou completamente apaixonada pelos livros dessa editora. Infelizmente não tive muitas oportunidades de lê-los, mas tenho alguns aqui que amo sem medidas. Eu ainda não havia lido nada sobre “Colaboração Horizontal”, esse lançamento simplesmente me passou despercebido, então que bom que o encontrei aqui. Geralmente eu fujo das histórias que se passam na segunda guerra, foram dias muito tristes onde a barbaridade imperou. Mas se por um lado havia maldade por outro muitas pessoas se uniram e foram solidárias, e o fato desta ser uma trama cujo foco maior está nos moradores do prédio e seus dilemas me interessou bastante. Fiquei interessada em conhecer mais a fundo esses personagens e descobrir o que houve com o Mark e porque ele não está mais com a Rose.

    Abraços!

  3. Olá Erika. Espero que o seu ano tenha começado bem…
    Então, eu não havia visto ainda essa publicação. Adoro os conteúdos da Nemo. Sou muito fã de Graphic Novel. Porém, eu tenho sérias questões a respeito de ambientações na época da guerra.
    Apesar dos meus poréns, eu tenho interesse em conhecer essa obra. Achei as ilustrações lindas. Com aquela sensação de lembrança, de nostalgia.
    Adorei anotar mais um “desejados” graças a você.
    Um abração

  4. Eu nunca li as HQ’s da Nemo. Mas pelo que vi, o trabalho é fantástico. Eu gostei bastante da trama, que carrega diversas emoções, mesmo sendo uma leitura rápida. Fiquei curiosa e quero ler também e saber mais sobre esse passado da velhinha. Além disso, eu gosto de obras que retratam a Segunda Guerra. Então seria uma boa combinação.

    Bjks!

  5. Oi Erika!
    Eu ando por fora das Graphic novel e não sabia dessa edição da editora Nemo. Pela sua resenha eu fiquei com muita vontade de lê-la e descobrir mais sobre a história. Vou tentar adquiri-la o mais rápido possível e atualizar minha estante de Hqs. Valeu pela dica.

    Bjos

  6. Olá, gosto bastante de quadrinhos e não conhecia este achei bem interessante! Fico um pouco aflita com histórias da segunda guerra, mas como aqui é sobre um outro ponto me chamou a atenção por ser justamente bem diferente.

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