Belo Desastre

Belo Desastre: Um Belo Romance Desastroso

Oi, pessoal! Como estão? Recentemente li Belo Desastre, livro de 2012 publicado pela Editora Verus e escrito pela Jamie McGuire. Por mais que onze anos tenham se passado, o livro recebeu um novo hype depois de ganhar uma adaptação para o cinema ainda esse ano.

“— Meu nome é Travis. Travis Maddox.
Revirei os olhos.
— Sei quem você é.
— Sabe é? – ele falou, erguendo a sobrancelha ferida.
— Não seja tão convencido. É difícil não perceber quando cinquenta bêbados entoam o seu nome.”

Em Belo Desastre conhecemos Abby, uma garota fugindo de um passado intenso que só quer recomeçar. Junto com sua melhor amiga, America, Abby está disposta a fazer tudo direito – e o mais distante possível do seu passado.

Em seus primeiros dias na universidade, entretanto, a garota, influenciada por America e seu namorado, é levada para um local de lutas clandestinas e conhece Travis, um dos caras mais violentos do local.

Aos olhos de Abby, Travis até poderia ser um cara legal, se não fosse a violência e a raiva que sempre insiste em transparecer, além das tatuagens. Mas com o passar do tempo, enquanto Abby e Travis cultivam uma nova amizade, ela também percebe que ele é leal, justo, bom filho e um bom aluno, apesar das lutas e das tatuagens gritarem o oposto.

Em um belo dia, Travis e Abby fazem uma aposta: se ele ganhar, Abby terá que morar com ele por um mês.

No mesmo apartamento.

Na mesma cama.

Vamos… resumir esse resumo dizendo apenas que Travis vence a aposta, é claro.

“— Quer fazer uma aposta, Abby Abernathy? – ele me perguntou sorrindo, com um brilho nos olhos.
Sorri de volta.
— Quero. Aposto que ele acerta um soco em você.”

Jamie McGuire

FORA DE ÉPOCA

Bom, preciso salientar que escrever uma resenha é sempre uma coisa muito pessoal, então tento trazer a visão mais neutra possível para que vocês leiam e tentem tirar suas próprias conclusões.

Só que vou ter que dizer isso: esse livro faria mais sucesso em 2012 (e na verdade fez).

Estamos falando de uma época em que as influências literárias não eram tão fortes como hoje em dia, e as pessoas não eram tão críticas. Em que a gente não ligava muito para o comportamento SEM NOÇÃO do personagem, porque, poxa, ele teve um passado difícil para caramba! Em que a gente não criticava a mocinha por ser tão sonsa, porque, meu Deus, eu sou exatamente assim!

Mas então as coisas mudaram, e esse tipo de enredo Homem Das Cavernas Que Maltrata Todo Mundo Que Encostar Nela não cola mais tão bem como antes.

“Vocês têm tanto medo do que pode acontecer que estão lutando contra isso com unhas e dentes.”

MACHISMO

Por incrível que pareça, o Travis não foi a pessoa que mais me irritou nesse livro.

Ele tem esse grande problema, que é um machismo patológico, um machismo tipo Se Eu Não Tenho Ninguém Vai Ter. Estamos falando de um cara que ESPANCA qualquer outro cara que ouse OLHAR para Abby, talvez até RESPIRAR na direção dela.

Não preciso nem começar a dizer por que isso é zero saudável, porque todo mundo sabe (eu acho, né, tomara). Mas infelizmente essa característica do Travis é meio o que move todo o enredo do livro, então precisei me forçar a enxergar a história do livro por trás desse machismo tão escancarado, e acredito que esse exercício fez toda a diferença para a minha avaliação final.

Se eu tivesse certeza de que esse livro fosse lido por maiores de dezoito anos, que entendem esse tipo de relacionamento e não romantizam isso, ficaria um pouco mais tranquila, porém eu mesma li esse livro quando tinha apenas quinze anos e eu lembro que simplesmente amei a leitura, coloquei o Travis no lugar de vítima que ele não tem e só percebi agora, onze anos depois.

Aliás, o que me irritava no livro não era o fato do Travis falar para a Abby trocar de roupa porque o shorts dela estava muito curto. Não. Eu já estava lendo por trás disso, eu já estava esperando isso dele, então eu no máximo só me coçava para pegar minha carteirinha de feminista e esfregar na cara dele.

O que me irritava era que… a Abby obedecia 🤡. Esse livro seria cem mil vezes mais bem desenvolvido se o cara machista e violento fosse obrigado a se virar nos trinta porque a mulher da vida dele NÃO QUIS trocar de roupa, e ele que lute para lidar com isso, mas a ABBY OBEDECIA AAAAAAAAAAAAAAAA

Enfim, nota dó.

“— Você não pode usar isso para ir ver a luta, então por favor… só… se troca, por favor.”

Galera Record

ROMANCE

Sendo um livro de romance, isso precisava estar em pauta. Não sei bem como dizer isso como uma pessoa com a opinião neutra, mas… cara, esse romance deles é super cansativo.

E romances cansativos se tornam tóxicos em um punhado de páginas ou menos.

Não tóxico no sentido de ser violento, mas a dependência emocional que o Travis tem com a Abby torna tudo muito difícil e faz a LEITURA fica tóxica. Esse negócio de eles namorarem e terminarem e reatarem e brigarem e terminarem e eu tipo PELO AMOR DE DEUS SÓ NAMOREM QUE NEM DOIS ADULTOS, porque os dois não sabiam simplesmente CONVERSAR que nem duas pessoas normais.

Sem contar todo o contexto sem explicação nenhuma, o Travis sendo o maior pegador e do absoluto nada começar a gostar da Abby e desistir de todas as outras, por nenhum motivo a não ser A Abby É A Protagonista E A Autora Quis.

E ‘tá bom que esse seria um excelente clichê, ainda hoje vemos isso em livros o tempo todo: o cara pegador da faculdade que vira cadelinha da mocinha. Mas nesse livro, com esse enredo e esses personagens, provavelmente ficou um pouco apelativo.

“Eu nunca faço nada direito, eu não te mereço… mas, porra, Abby, eu te amo. Eu te amo mais do que jamais amei alguém ou alguma coisa em toda minha vida.”

PORQUE VOCÊ PODE GOSTAR

Aqui a gente bate e depois faz um carinho.

Apesar das problemáticas, existe alguns motivos que me fizeram continuar lendo.

Por exemplo, os estereótipos. Era de se imaginar que um cara durão como o Travis, que resolve tudo na violência e tem essa síndrome de posse medonha, fosse me espantar rapidinho né? Deveria, mas não espantou, porque o filho de uma mãe sabia exatamente o que dizer para me fazer passar do GRRRR para o OOOONW. Além de ser educado e até fofo (quando não estava socando a cara de alguém), ele também é bem inteligente. Quando se deu conta disso, a Abby ficou tão chocada que acabou me irritando em alguns momentos, como se ele não pudesse ser inteligente apenas por ele ter a aparência que tem.

Mesmo que o romance não entre nessa lista, preciso citar os amigos. A melhor amiga da Abby, America, é namorada do Shepley, que é primo do Travis. Os dois tem um romance de fundo durante o livro, que também tem lá seus problemas, mas parece bem mais saudável que o dos protagonistas. Os quatro formam um grupo bem interessante, e acho que nesse caso a Mare e o Shep estão ali com o propósito MUITO claro de apaziguar o casal principal, e eu gostei disso.

E por último, o found family foi o que me pegou. Eu resisto a um bad boy mal-educado, mas não consigo evitar amar um found family. Abby, que já tinha perdido tudo que era importante para ela, encontra na família de Travis uma coisa que ela achou que nunca mais teria: amor incondicional. Um bando de cinco homens carentes e desajustados, mas que ainda assim demonstram se preocupar e se importar com ela.

“Eu não sabia que estava perdido até que você me encontrou. Não sabia que estava sozinho até a primeira noite em que passei na minha cama sem você. Você é a única coisa certa na minha vida.”

Caso desejem dar uma chance a esse belo romance desastroso, confiram também os outros livros da série!

Conheça outros livros da Galera Record!

Até a próxima!

Beijinhos, Lorh!

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6 Comentários

  1. Não tenho, a mesma opinião dela sobre, Belo Desastre, sendo que li todos da série so faltando o Belo Funeral.

  2. Gostei muito! O destaque final vai para o elemento de “found family” na história. No geral, o autor expressa uma avaliação crítica do livro, apontando tanto suas falhas quanto seus méritos.

  3. Já me conquistou pela capa,a história pelo pouco que li é ótima e eu quero saber de tudo o que acontece.

  4. Ola! Eu adorei a sugestão 😀 gostei da capa e a historia é bem interessante, já quero ler.

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