Ponto Final – Lançamento do autor de A Mulher na Janela

Ponto Final é o mais novo lançamento de A. J. Finn, autor de A mulher na janela. O suspense com mais de 5 milhões de livros vendidos chega ao Brasil pela Editora Arqueiro.

Nick é uma jovem especialista em romances policiais que se corresponde há 5 anos com Sebastian Trapp, um grande autor de livros de mistério. Sua vida muda drasticamente quando é surpreendida por um convite de Sebastian: escrever seu livro de memórias. Para isso, ela deveria se mudar imediatamente para a casa do autor e, ao longo de 3 meses, período que resta da vida de Sebastian, já que ele descobriu uma doença em seu estado terminal, Nick deveria entrevistar a família Trapp e o próprio Sebastian a fim de construir a narrativa de sua vida.

“Ele parece mesmo uma fogueira, e o fato de estar ali, na Casa Misteriosa, a uma escadaria de distância de onde ele se encontra, é mesmo como botar a mão no fogo. A emoção de entrar em contato com uma substância perigosa. Ela está pasma por ele a ter escolhido, aquele autor cujos livros ela ama; pasma por ele ter escolhido qualquer um.”

Além de ser grande fã do autor, Nick está louca para descobrir um dos maiores segredos da família: o que aconteceu com a esposa e o filho de Sebastian, desaparecidos há 20 anos. Um mistério nunca solucionado cujo suspeito principal foi e ainda é Sebastian Trapp já que as autoridades nada puderam fazer sem os corpos ou provas mais conclusivas. Ignorando os conselhos de amigos e familiares, Nick embarca nesse desafio com toda coragem e curiosidade contidas em sua alma. Mas até que ponto ela estará segura no meio de tantos segredos e tão longe de casa?

A. J. Finn se tornou conhecido com A Mulher na Janela, seu livro de estreia e, seis anos depois, está de volta com Ponto Final, pronto para repetir o sucesso anterior.

“Está sentindo uma quentura desconfortável na boca do estômago? E umas batidas horríveis no alto da cabeça? É o que chamo de febre detetivesca. Ela vai tomar conta de você.”

Apesar do grande hype de A Mulher na Janela, que ganhou adaptação na Netflix, muitos leitores compararam a história com A Garota do Trem e outros livros com o mesmo plot: uma protagonista com problemas de vício, que acaba presenciando um crime e não consegue provar o que viu por ninguém acreditar em suas palavras. Outras críticas, seguindo essa comparação, ainda apontaram que o final do livro foi pouco surpreendente. E no fim, saiu até uma série que faz uma paródia com esse plot considerado tão batido também na Netflix. Por essas e outras, acredito que A. J. Finn veio preparado para o combate com a trama de Ponto Final. Ele anotou todas as críticas e pontos que precisavam melhorar e entregou um final bastante ousado, para dizer o mínimo.

A ideia de um autor famoso que está impossibilitado de escrever seu novo livro e contratar uma pessoa para o trabalho também não é nova, temos Verity e, o recente, Ghost Writer, este último inclusive também gira em torno de uma escritora a beira da morte que deseja confessar um segredo do passado que envolve a morte do marido e da filha pequena. Mas A. J. Finn é bom com as palavras e sabe construir uma história que prende o leitor. Seus capítulos são curtos, a narrativa tem vários pontos de vistas e instiga a criação de várias teorias sobre o mistério principal.

“Apesar de tantos anos lendo histórias sobre morte, ela jamais tinha visto e com certeza jamais havia tocado um cadáver. Tantos anos pairando feito um anjo das trevas acima das páginas, espionando autópsias e verificando pulsações em becos sem saída, fechando as pálpebras pintadas de dançarinas esganadas… A morte era uma trama. A morte era um desafio. A morte parecia emocionante.”

A história é ambientada nos dias de hoje, mas tudo que compõe os personagens, o ambiente e os diálogos remetem aos livros clássicos de mistério de autores como Agatha Christie e Arthur Conan Doyle. As conversas entre Nick e Sebastian estão cheias de referências a esses clássicos, com citações e brincadeiras com palavras das histórias mais famosas, um recurso que vai agradar os fãs desses livros e fazer você, que não conhece, parar a leitura para anotar ou mesmo pesquisar sobre aquilo imediatamente.

A estrutura narrativa usada por A. J. Finn também lembra os clássicos na medida que vai apresentando diversos personagens e apontando características, e talvez motivações, fazendo o leitor se perguntar a todo momento se o culpado pelo mistério estava ali entre eles o tempo todo. A história tem um ritmo frenético que, ao se encaminhar para uma possível revelação, te entrega mais um mistério a ser resolvido, de um jeito que todas as respostas só serão entregues nas últimas páginas do suspense.

“Mas, minha cara menina – diz ele com uma voz afetuosa, porém ameaçadora, como ventos sussurrando a chegada de uma tempestade. – Você não está num mistério tradicional. Está num thriller psicológico. Que frase mais boba, pensa Nicky, ao mesmo tempo que sente o sangue gelar.”

E foi nesse momento que o autor mostrou a que veio! Não sei vocês, mas eu amo criar teorias e ser feita de palhaça no final do livro, com uma resolução que eu não cheguei nem perto de adivinhar. E quando chegou a resposta principal, eu quis jogar o livro longe!

Porque foi uma resposta que não tinha como eu adivinhar MESMO. Cheguei ao ponto de parar a leitura e reler algumas partes, lembrar de alguns diálogos, tentando entender onde eu me perdi, onde talvez o autor tenha deixado um furo na narrativa. Mas ele me enganou direitinho e no fim conseguiu alinhar todas as pontas soltas para não ter nenhum detalhe sem explicação!

Eu preciso que mais pessoas leiam esse livro para me dizer qual foi a reação ao ler essa parte específica, porque olha… Talvez cause polêmica! A. J. Finn não estava para brincadeira quando escreveu o final desse livro e, com certeza, esperava entregar um desfecho para ninguém botar defeito! Indico demais a leitura para os curiosos de plantão.

Até a próxima, Dri [@leiturainsone]

FICHA TÉCNICA
Título: Ponto Final
Autor: A.J. Finn
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 480

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